As Areias das Praias


Desenha, sobre um mapa onde as ilhas possam flutuar
e as brancas penínsulas se abandonem às aves,
a incerteza do maior amor ou a tranquila

oscilação dos barcos nas enseadas onde o Inverno
pode adormecer. Na solidão, na noite, não demores
o tempo entre os anéis, os dedos tocam sempre
esses despojos de antigas navegações.

Por isso, nas horas mais tranquilas, entre as falésias,
dedico-me a essa ocupação de recolher o que as marés
trazem às praias, como se fosse ao coração.


Francisco José Viegas