Soneto


Vida que não acaba de acabar-se
chegando já de vós a despedir-se,
ou deixa por sentida se sentir-se,
ou pode de imortal acreditar-se.

Vida que já não chega a terminar-se
pois chega já de vós a dividir-se,
ou procura vivendo consumir-se,
ou pretende matando eternizar-se.

O certo é, senhor, que não fenece,
antes no que padece se reporta,
porque não se limite o que padece.

Mas, viver entre lágrimas, que importa?
se vida que entre ausências permanece
é só viva ao pesar, ao gosto morta.

Soror Violante do Céu