com sete luas ao luar de Outono,
dos meus sonhos nenhum te concebera,
nem te cantava a minha voz sem dono.
Adormeci. As tuas mãos de cera
desfolharam carícias no meu sono.
E Deus, que da minh’alma se esquecera,
de teus beijos floriu este abandono.
Adormeci. À hora da partida,
à luz que os fortes bebem como vinho,
adormeci, para fugir à vida.
Vieste. Sei agora porque sou:
era sonhar — não ser — o meu caminho.
Fugi à vida — a vida começou.
António de Sousa