A lua veio dizer-me,
muito triste e despeitada,
que tinha inveja do brilho
dos olhos da minha amada.
A trança do meu cabelo
hei-de mandá-la vender,
pra livrar o meu amor
soldado não há-de ser.
Fui dizer adeus, à barra,
ao meu amor condenado;
levei a minha guitarra
pra não me esquecer do fado.
Quando vasar a maré,
fica a praia descoberta;
vão uns amores, ficam outros,
não há verdade mais certa.
Quem amor não tem na vida,
não pode andar satisfeito,
porque o amor é lei divina,
não há nada mais de direito.