Eis os tristes heróis, magros, famintos, nus,
Sujos, barba revolta e crescidos cabelos
Como negras visões de horríveis pesadelos
Eis passam ao sol-pôr quando esmorece a luz.
Vão todos a cismar como outrora Jesus
Numa aurora de paz e bem; mas ao vê-los,
Os ricos ficam logo a tremer, amarelos,
E cravam-lhes, na sombra, olhos negros e crus.
São estes os que vêm há séculos sem conta,
Por entre a escuridão, a ver quando desponta
A luz clara do Bem, do Direito e do Amor.
São estes a quem tem calcado o pensamento...
Mas que sentem soprar no coração sedento
As lufadas da ira e o simum do rancor.
Rodrigo Solano