Do génio a que deu abrigo,
Sem ser por obrigação,
Ninguém sabe, ser amigo
Não exige condição.
Para o que casa não tem,
É sempre longa a viagem.
Dar, pois, sem olhar a quem,
Que caminho é passagem.
Por muito mais receber,
A seu favor o que dá
Nada lhe falta para ser
Quem mais tem, se nada há.
Sombras podia vender
Aos que o sol castigava,
Mas antes pôr a render
Consolo a quem passava,
Deserdado, peregrino,
Andarilho, mercador,
Umas vezes, sem destino
Buscando seja o que o que for;
Outras, terras demandando,
Da promissão desejada
Que não se sabe até quando
Um dia, nos leva a nada.
Vergílio Alberto Vieira