Realidade


Quando vejo a palavra
realidade a correr a meu lado, nada
faço para detê-la.
Os dias que se somaram,
o vento do Norte,
o tempo que fala para a piscina,
as prestações,
o teu sorriso a exigir resposta, vão ainda
mais adiantados.
O objecto é sempre imaginário: alguém
foi já capaz de escrever um pinhal
com o braço por dentro das árvores,
plantadas metro a metro?
Acelero.
Brinco com as conchas. Os astros
que descem e voltam a subir
por dentro da minha cabeça, cheios
de sangue e de céu, nunca
aqui estiveram.

Pois tudo é abismo, fractura,
rosto que foge.

José Ricardo Nunes