Coração de Pedra


Percorro este atalho sombrio, húmido,
Sigo sozinho os raios minúsculos do luar,
Perdi o meu último raio de luz,
Meu destino é dormir no regaço do Hades,
Estimulado por uma onda de solidão,
E velado por uma névoa de cólera,
Quase me deixo dominar,
Não, basta!
Rejeito esta submissão, eu vivo,
Não me deixo devorar por esse sentimento,
Eu não estou morto, vivo em ti, nos teus sonhos,
Como esta pedra que tenho no peito que dói muito!
Sente o meu coração de pedra, ouve como ele chora?
Ficarei quieto, silencioso, para escutares,
Parece o vento que corre e brinca,
Por entre os ciprestes, húmido de orvalho,
Como tu, que brincas com as pedras,
Que atirei ao teu coração.

Bode Ranhoso do Marão (aliás Carlos Coelho)