Mas o mar de tão bravo e tão profundo
Perdeu-nos em anos-luz de fome e guerra
Assim naufragámos no fim do mundo
Já nem sabíamos se era água ou areia
Aquilo que nos andava na deriva
Mas sonhámos na noite mais feia
Como escravo vergado ao peso da estiva
Ali estávamos ao sabor da sorte
Ditada por palavras sombrias
Quais santos caídos sem rei nem norte
Almas prometidas ao fim dos dias
Quando o vento viesse do Sul ou Norte
Raivoso de vida, vencendo a morte.
Leonor Fernandes