Sobrevivência


Que ainda o é quando a esperança fica acesa
por incêndios pilares de amor de amar-te
quando há raízes fortes que rebentam
a dura crosta em riste deste asfalto

Que ainda o é o mesmo não tranquila
no coração real que habita o tédio
na maior decepção na dor vivida
na escuridão dos frios já sem remédio

Que ainda o é na pedra na falta de coragem
no trabalho excessivo no dia tão mal gasto
Que ainda o é para além do que nos falta
por noites de cimento coroadas

Que ainda o é – sempre sempre – redentora estrela
mesmo à beira do fim no desalento
de quem febril respira a morte ao lado.

João Rui de Sousa