Para conhecer o mundo viajamos,
tocamos pedra a pedra a calçada
e para nos conhecermos, onde vamos,
qual é o rio, o mar, a estrada?

Assim fizeste com todos os sentidos,
criando gestos e palavras quando a voz
faltava ao próprio mundo, e já perdidos,
contavas em viagem à volta de nós.

Ainda mal chegado, já estavas de saída,
e, por aí fora, um dia, um mês, um ano,
até que a missão fosse concluída.

E que nos deste desse teu labor insano,
senão obra universal de amor à vida, 
palmo a palmo, um hino ao valor humano?

António Ferreira de Castro