Expulsão dos Vendilhões do Templo


Hei-de vender também o que não tenho
sobre o lume sombrio desta árvore.
Podendo trocarei pelo vinagre
este cinto de prata, o oiro deste cálice,
o bordado que ornamenta as minhas vestes.
Por um dedo de vento e ao câmbio justo
recebo se puder uma medida
ou de azeite ou de sal, ou até mesmo
um novelo de lã tingida a púrpura.
Perder.me quero neste mercado imenso
para que me expulsem também do vasto tempo
onde o preço do sangue é o preço justo.

Amadeu Baptista