Hoje
Podem encher-me os punhos de grilhetas
Ou pregar numa cruz a vida minha;
Não é canto propício de poetas
O velho medo que guarda a vinha
Ontem
O antigo é a doença que eu mais detesto:
É viciar o que já foi virtude!
O tornar ao passado é sempre um resto,
Ou pior, uma falta de saúde.
Exílio
O branco é gesso, é cal para as ossadas,
E eu não lhe encontro asseio de alegria;
Caiei por isso a rosa- alexandria
Minhas quatro paredes exiladas.
Afonso Duarte