Os olhos em tudo são inábeis,
menos no sonho. 
Para mais em Abril,
com os aguaceiros a rilhar
as velas persianas de ripinha
e o condenar à espórtula
as salamandras. E
que me impede de sufocar?

O roçar do tempo nos teus pulmões,
os olhos em tudo inábeis,
menos nas mãos que me desposam.
Por isso perdura o que amo
no incicatrizável susto
do mexicano Salvador Novo:

"Um domingo
Epifania
não voltou mais a casa".

O mapa da retina?
A menina dos meus olhos,
o seu punho no meu gume.

António Cabrita