Moramos a milhões de versos-luz
da mais próxima estrela. Que buscamos
na carne provisória que nos damos
senão este pavor dos ossos nus?
Entre rápidas rosas que anoitecem
e pássaros que tombam e navios
que em vão lançam as âncoras nos rios
e vão morrer no mar a que pertencem,
erguemos pontes, deuses, mitos, casas,
um verso que nem perto se decora.
– Quem nos deu sonho e asas
calou-se. Foi-se embora.
António Luís Moita