Sobre o Andrógino


Aquele a quem confio o coração e o trafica
Aparece com o rosto maquilhado
Da cor que não se distingue dos ossos
Com que me castiga o dorso.
E como um sopro que toca a luz
Deita-se de joelhos na nuca,
Serve a carne num banquete.
Tem tanto de si em mim perdido — velha crença —
Que esqueço o que sou.

José Emílio-Nelson