A Forma e o Tempo


II

Viemos não porque houvesse necessidade de estar
Mas porque temos connosco a maturidade lúcida do espaço
e se quero dizer-vos que há uma paragem
para pressentir a minha sombreada redoma.
chega do mais profundo das montanhas
um ruído de corpos agitando-se um ruído que sobe
e com frascos de sombras ladeia-nos a garganta
e vozes dizendo      eles passam      eles passam

[Recordo-me da noite          dos mais inacessíveis
uma mulher que até à porta me persegue
deixando na rua o último sangue
vejo-me colocando-lhe uma mão sobre os cabelos
e olhando -a do mais alto quando diz maldito]

Carlos Eurico da Costa